A DANÇA DOS SERES SOLITÁRIOS
Violentos devaneios me atormentam.
Solitário,nego que morri.
Você dança suavemente por entre as árvores, sem sentir o desespero.
Te olho de longe, você dispara seus sentidos, o som atravessa o espaço e dorme no fundo da alma,transparente.
Mudo, me vi correndo sem destino.
Asas negras movimentando o ar, nuvens cinzentas demolindo o silêncio.
Mais um passo mal ensaiado, mais uma queda.
Fiz bem em dormir de olhos abertos e ouvidos atentos, milagres não acontecem.
A ÙLTIMA NOTA DO PIANO
Ele entra meio torto, desabando sobre a porta, entortando a maçaneta, sonhando com a forca e o pescoço sobre a mesa.
Diz uma palavra sem sentido e espera que entendam, sussurra fétidos poemas de amor e derrama o último gole de vinho.
Destrói o último gesto com urros silenciosos e preces.
Exorciza a calma que expressa em seus olhos pútridos.
Ele mexe os dedos, revira os olhos a procura do último suspiro de loucura. Inveja as cores e a luz fria do teto, se pendura na corda invisível e morre lentamente.
BIOGRAFIA DE ALGUÉM QUE NÃO NASCEU
Vejo agora o sangue que escorre e mancha o asfalto.
Quis me esconder entre as sombras, preso ao pé da cama.
Espero não ter te magoado.
Te dei um caminho, você escolheu outro.
Vou hipnotizar meu reflexo no espelho.
Chuva grossa nas pálpebras fechadas.
Me diga que seus olhos estão abertos. Odeio pensar que quando te toco você não percebe.
Sua vida não pertence a você nem a mim, nem a ninguém.
O medo me tranquiliza, o brilho da faca.
Te acaricio devagar, o vermelho me molha, aveludado e morno.
Um sussurro desfaz o branco silêncio de mil vozes surdas. Me arrasto em direção ao nada.
DESGOSTO
Derramei meu sangue pela escada.
Duas frases curtas e um ódio eterno.
Beijei aquela frase,daquele livro empoeirado e senti o gosto imundo das lágrimas.
Extremamente doce é a voz poderosa do destino.
Prostei-me perante um ridículo átomo de memória.
Sumi, desvendei o segredo e não aprendi nada com ele.
Você apertou minha mão delicadamente,não tentou ser sutil nem agradável,nem tentou me dizer nada da tua vida.
Derramei minhas lágrimas pelo carpete e o sangue pálido gelou minhas veias,dormi silenciosamente.
Só quando disse adeus você me entendeu e quis consertar o que quebrou,mas era tarde e tudo foi morto por uma mão pesada e febril.
Você deitou por sobre o tapete,um fio vermelho escorrendo pelos lábios,a mão no coração sangrando no peito aberto pelo punhal.
LUA CEGA
Embriagado pelo véu transparente e sinistro, o encantamento se dilui no espaço.
A esperança rapidamente escapa por entre as nuvens.
Naturalmente angustiado, prevejo minha própria morte, sereno, tranquilo, sem antes me despedir.
Um funeral sem nome,dois amigos e uma vela.
NÃO QUERO SER DE VANGUARDA
Não deixe seu túmulo vazio, se deite de vez em quando.
Centenas de páginas em branco pra tentar explicar o nada.
Enquanto o filme roda, meus olhos voam pra longe.
A fotografia em preto e branco de repente se colore.
Tudo escorre violentamente, enxurrada de dores, você está acordado?
Faz uns dois anos que não durmo.
Me enganei mais uma vez quando virei a esquina, aquela luz gritando de novo em meus ouvidos, cinzas se derramando nos corpos nus.
Não diga que não avisei.
NO SILÊNCIO SE ENCONTRA A DÚVIDA
Me despi em dois segundos e fiquei sem memória.
Respondi as peguntas que não me fizeram e quando fiquei sozinho tive minhas próprias.
Sorri por um instante e me dediquei a espreitar por entre as frestas da mente, procurando por uma estupidez qualquer.
Duvidei do silêncio, ouvi o ruído espasmódico da tristeza.
Me vesti em dois segundos e lembrei de tudo.
Decidi guardar certos papéis, escrevi meia dúzia de cartas, conversei com algumas pessoas, pulei o muro do vizinho e o matei a pauladas, sem sangue nem crueldade.
Maravilhosamente.
Violentos devaneios me atormentam.
Solitário,nego que morri.
Você dança suavemente por entre as árvores, sem sentir o desespero.
Te olho de longe, você dispara seus sentidos, o som atravessa o espaço e dorme no fundo da alma,transparente.
Mudo, me vi correndo sem destino.
Asas negras movimentando o ar, nuvens cinzentas demolindo o silêncio.
Mais um passo mal ensaiado, mais uma queda.
Fiz bem em dormir de olhos abertos e ouvidos atentos, milagres não acontecem.
A ÙLTIMA NOTA DO PIANO
Ele entra meio torto, desabando sobre a porta, entortando a maçaneta, sonhando com a forca e o pescoço sobre a mesa.
Diz uma palavra sem sentido e espera que entendam, sussurra fétidos poemas de amor e derrama o último gole de vinho.
Destrói o último gesto com urros silenciosos e preces.
Exorciza a calma que expressa em seus olhos pútridos.
Ele mexe os dedos, revira os olhos a procura do último suspiro de loucura. Inveja as cores e a luz fria do teto, se pendura na corda invisível e morre lentamente.
BIOGRAFIA DE ALGUÉM QUE NÃO NASCEU
Vejo agora o sangue que escorre e mancha o asfalto.
Quis me esconder entre as sombras, preso ao pé da cama.
Espero não ter te magoado.
Te dei um caminho, você escolheu outro.
Vou hipnotizar meu reflexo no espelho.
Chuva grossa nas pálpebras fechadas.
Me diga que seus olhos estão abertos. Odeio pensar que quando te toco você não percebe.
Sua vida não pertence a você nem a mim, nem a ninguém.
O medo me tranquiliza, o brilho da faca.
Te acaricio devagar, o vermelho me molha, aveludado e morno.
Um sussurro desfaz o branco silêncio de mil vozes surdas. Me arrasto em direção ao nada.
DESGOSTO
Derramei meu sangue pela escada.
Duas frases curtas e um ódio eterno.
Beijei aquela frase,daquele livro empoeirado e senti o gosto imundo das lágrimas.
Extremamente doce é a voz poderosa do destino.
Prostei-me perante um ridículo átomo de memória.
Sumi, desvendei o segredo e não aprendi nada com ele.
Você apertou minha mão delicadamente,não tentou ser sutil nem agradável,nem tentou me dizer nada da tua vida.
Derramei minhas lágrimas pelo carpete e o sangue pálido gelou minhas veias,dormi silenciosamente.
Só quando disse adeus você me entendeu e quis consertar o que quebrou,mas era tarde e tudo foi morto por uma mão pesada e febril.
Você deitou por sobre o tapete,um fio vermelho escorrendo pelos lábios,a mão no coração sangrando no peito aberto pelo punhal.
LUA CEGA
Embriagado pelo véu transparente e sinistro, o encantamento se dilui no espaço.
A esperança rapidamente escapa por entre as nuvens.
Naturalmente angustiado, prevejo minha própria morte, sereno, tranquilo, sem antes me despedir.
Um funeral sem nome,dois amigos e uma vela.
NÃO QUERO SER DE VANGUARDA
Não deixe seu túmulo vazio, se deite de vez em quando.
Centenas de páginas em branco pra tentar explicar o nada.
Enquanto o filme roda, meus olhos voam pra longe.
A fotografia em preto e branco de repente se colore.
Tudo escorre violentamente, enxurrada de dores, você está acordado?
Faz uns dois anos que não durmo.
Me enganei mais uma vez quando virei a esquina, aquela luz gritando de novo em meus ouvidos, cinzas se derramando nos corpos nus.
Não diga que não avisei.
NO SILÊNCIO SE ENCONTRA A DÚVIDA
Me despi em dois segundos e fiquei sem memória.
Respondi as peguntas que não me fizeram e quando fiquei sozinho tive minhas próprias.
Sorri por um instante e me dediquei a espreitar por entre as frestas da mente, procurando por uma estupidez qualquer.
Duvidei do silêncio, ouvi o ruído espasmódico da tristeza.
Me vesti em dois segundos e lembrei de tudo.
Decidi guardar certos papéis, escrevi meia dúzia de cartas, conversei com algumas pessoas, pulei o muro do vizinho e o matei a pauladas, sem sangue nem crueldade.
Maravilhosamente.
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