segunda-feira, 18 de junho de 2007

Poesia antiga

Brota em mim um suicídio em formação
Sonhos e devaneios de prédios e lagos
afogamentos e envenenamentos
Brota em mim um som de trovão e tiros
Raios e gritos,
explosões e enforcamentos
Rodas em movimento sobre o sangue seco no asfalto
Brota em mim um estranho ouvir
como se as vozes saíssem de mim e para mim voltassem.
Como se os sons partissem de mim para meu encontro
Brota em mim uma dança sinistra de movimentos lentos
À meia-luz essa dança se projeta em sombras pela parede
À medida que progride, lança pequenas luzes como se fossem raios
Essa dança inibe meus instintos e obstrui a fúria interna do querer fugir
Fazendo assim meus sonhos se desintegrarem e voltarem ao útero do inconsciente que os gerou
Brota em mim uma visão de olhos fechados
Numa imaginação quase real, sobre a mesa
Uma flor sem vida e seca, de qualquer cor, ùmida em todo toque, no contato de cada dedo.
Uma flor em preto e branco, molhada de suor
Brota em mim uma percepção quase espontânea
Um sentimento, um odor, um som,um gosto, uma visão
Uma realidade completa em cada centímetro de dimensão
Ruas surgem desviando e entrando em minha alma
Estou parado, elas é que partem em minha direção, me passando a sensação de movimento
Brota em mim um sonho em decomposição
Nuvens e relógios, em lados opostos
Um encarando o outro, sem minha presença.

Poesia escrita em 01-05-1997

Nenhum comentário:

Pessoas que aportaram por aqui: