quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Morte casual

Duas horas da tarde, um calor sisudo
Ele nem olha pra trás, cabelo suado,músculos retesados
e a um palmo de ser morto.
Agacha repentinamente e pega a nota de dois reais
que descansava por sobre o asfalto quente.
Quem sabe compraria uma dose de cachaça.
Que sorte.
_Porque o Senhor Jesus voltará e ai daquele que não estiver preparado.
_Senhor, o Vila Yara passa aqui?
_Amendoim doce e salgado. Água mineral, Skol.
Na fila ele cambaleava,o chinelo escapava do pé.
O cobrador olhou pela janela: Pode subir.
O tiro foi certeiro.
As pessoas se afastaram.
No pneu preto o sangue cinza.
_Confia em Jesus,ele é o caminho, a verdade e a vida.
A Bíblia caída no chão,aberta no Salmo 23.
O Sol ainda castigava tudo.
As pombas ainda comiam restos de cachorro-quente.
Outro trem em direção a Itapevi.
A sirene da polícia flutuava ao longe.
Na tv do boteco passava o Video Show.

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