quarta-feira, 9 de setembro de 2020

Canções distorcidas para ninar bebês robôs

 


Ainda não tenho a visão clara e sem névoas que tivera outrora, a guerra é um gigante pisando na sua mente, meus camaradas, um impávido, maldoso e esquálido monte de ossos desviando das torres malditas pra esmagar seu cérebro, mastigar cada grão de lucidez.

 Não me venha com discursos e certezas, ladainhas que destróem cada segundo do dia, não quero perder meu tempo sorrindo amarelo e olhando os segundos no relógio, explodindo mentalmente todas as senhas que eu ainda guardo dentro da manga da camisa.

_Um cigarro,por favor, um copo de cachaça e desligue as luzes,por favor.

Ali onde um dia eu segurava meu estômago, de pé e sem piscar, viviam dois kilos de mortes,por sufocamento, mas não era meu passatempo favorito, nem era algo que eu precisava pra encostar a cabeça no travesseiro e trucidar meus sonhos tranquilamente até acordar desesperado e me mover pro abismo como uma prancha mordida por tubarões famintos.

O sonolento garçom me desvia o olhar, peço um pouco mais  de vida, um canudinho e a conta.

Amanhã presto atenção às notícias. 


 

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