Senti medo
quando o segredo mergulhou
no abismo
mais ou menos quando te perdi
meus sentidos...
a visão enevoada
o átrio vazio
pulsando...
uma tapa no rosto
os olhos embotados...
escorrendo da boca uma última palavra
cheia de sangue
e silêncio...
Senti medo
e um segundo de alívio...
um beijo perdido
mil sutilezas esmagando minhas pálpebras...
Te gritei
te vi deitada
te vi dormindo
e teus sonhos estavam fugindo
um a um
se escondendo por trás de uma árvore frondosa de mentiras...
e eu, dedo em riste
desmaiei com um discurso pronto mordendo os lábios frios
tua memória, esmagando versos e mortes
se estraga pouco a pouco
e quase desmonta o segredo do universo..
por um triz.
Senti medo, quando não pude evitar
ser quem sou...
e a luz brilhou mais forte iluminando de negro o tecido lancinante que vibrava nas cordas, nas veias, nas esquinas do meu peito...
acreditei em tudo
aquela vírgula idiota que irrompeu do asfalto...
atropelando o ponto final...
e meu olhar longíquo ainda fita algo perto do nariz, uma polegada de visão futura...perfeitas projeções de um segundo...
teu mudo sussurrar ainda perfura os tímpanos acariciados pelo sopro delicado de tudo que não seja o destino...
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