sábado, 13 de fevereiro de 2016

Silêncio

Quando tomas por mim o silêncio que te toca a face
Enluto,mal penso,as palavras se arrastam.
Qual raio de Sol solitário,viúvo,mórbido
Assim é meu olhar,noctívago, carregado de sentidos mal interpretados
Sigo enlevado,destruindo o momento assim que ele nasce
Caminhando sofregamente por entre túmulos e flores
acenando para a morte e flutuando de encontro à vida.

Teu sorriso permanece na retina,perscrutando a noite,camuflado
Teu meticuloso desígnio,a quase alegre e fortuita dor que floresce
Tua cabeça em meu peito,a agulha no sulco,o som arruinado de mil gritos
A taça quebrada,o vinho derramado,a mudança súbita de universo
E nossos corpos encarcerados um ao outro,a crueza do desejo não dissimulado
As nuvens de prazer,a carne marcada,o desmaio consciente e um Deus herege observando
o suór esconder a prece encarnada no segredo preso na garganta.

Assim,permanecemos hostis ao destino
Tua boca esparramando cores por entre a fumaça
e o mais belo amanhecer multiplica-se em nossas entranhas.

Luciano Pires

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