A cidade desconhece o rio
Que me permeia e envaidece e soterra de medo todo o dia
Teus olhos apenas sorriem, como se não precisassem de desculpa alguma para adoecer e serem felizes.
Os altos prédios
Os dissidentes
Os loucos que dançam na garoa fria,ouvindo uma música transparente.
E a fumaça das horas se perde por entre passado,presente e futuro.
Um dia a mão se moverá sozinha
Um dia teu corpo não mais fará tua vontade
Um dia a estrada se moverá de encontro ao teu destino
Nada é tão simples
Nem tão complexo
Apenas um outro dia, sentado à sombra de eternidades.
Eu espero,talvez menos ansioso
Espero teu beijo
Como quem espera o desespero
Como quem calcula rotas de saída
E adormece sob um rompante lento de angústia
e má determinação.
Lá ao longe, na esquina, dobrando lentamente
Uma nuvem de poeira cinza
flutua morbidamente
Te chamo a atenção
Te grito
Aos poucos recobro os sentidos
Abro os olhos
E te vejo
Nesse momento tuas mãos parecem macias e seguras
Simulo um beijo, quase sem forças.
Você se deita ao meu lado
Recosta-se em meu peito
E ali se ouve toda uma vida condensada em um segundo.
segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016
Esse texto não existe
Eu juraria que esse texto não existe
E aí os teus olhos passariam ao longo de cada frase e não encontrariam sentido.
Nem em tua alma nenhuma palavra teria abrigo, infeliz na não-existência caricata.
Eu juraria que nada do que escrevo movimenta um grama de paixão,paz,morte,felicidade,tortura ou uma lágrima no canto do olho.
Você gritaria e agitaria os braços:
_ Tire esse texto do caminho.
E ,embaixo da escada, encolhido feito cachorro assustado,o texto rosnaria baixinho,tremendo.
Ali naquela esquina, a garoa fina, o casal permanece estático,olhando para o céu sob a luz da Lua.
E uma página em branco cai lentamente do céu,pesando aos poucos com as gotas da chuva.
Até que os olhos repousem sobre a página e lá não está escrito nada.
Eu juraria que aqueles olhos tristes do Destino nunca mais poderiam encontrar outros olhos para fitar.
Mas asim que adormeci você apareceu em meu sonho, vestida de branco, silenciosa, com uma carta na mão, que me entregou.
E nela não estava escrito nada.
Eu juraria que esse texto naõ existe.
E aí os teus olhos passariam ao longo de cada frase e não encontrariam sentido.
Nem em tua alma nenhuma palavra teria abrigo, infeliz na não-existência caricata.
Eu juraria que nada do que escrevo movimenta um grama de paixão,paz,morte,felicidade,tortura ou uma lágrima no canto do olho.
Você gritaria e agitaria os braços:
_ Tire esse texto do caminho.
E ,embaixo da escada, encolhido feito cachorro assustado,o texto rosnaria baixinho,tremendo.
Ali naquela esquina, a garoa fina, o casal permanece estático,olhando para o céu sob a luz da Lua.
E uma página em branco cai lentamente do céu,pesando aos poucos com as gotas da chuva.
Até que os olhos repousem sobre a página e lá não está escrito nada.
Eu juraria que aqueles olhos tristes do Destino nunca mais poderiam encontrar outros olhos para fitar.
Mas asim que adormeci você apareceu em meu sonho, vestida de branco, silenciosa, com uma carta na mão, que me entregou.
E nela não estava escrito nada.
Eu juraria que esse texto naõ existe.
sábado, 13 de fevereiro de 2016
Silêncio
Quando tomas por mim o silêncio que te toca a face
Enluto,mal penso,as palavras se arrastam.
Qual raio de Sol solitário,viúvo,mórbido
Assim é meu olhar,noctívago, carregado de sentidos mal interpretados
Sigo enlevado,destruindo o momento assim que ele nasce
Caminhando sofregamente por entre túmulos e flores
acenando para a morte e flutuando de encontro à vida.
Teu sorriso permanece na retina,perscrutando a noite,camuflado
Teu meticuloso desígnio,a quase alegre e fortuita dor que floresce
Tua cabeça em meu peito,a agulha no sulco,o som arruinado de mil gritos
A taça quebrada,o vinho derramado,a mudança súbita de universo
E nossos corpos encarcerados um ao outro,a crueza do desejo não dissimulado
As nuvens de prazer,a carne marcada,o desmaio consciente e um Deus herege observando
o suór esconder a prece encarnada no segredo preso na garganta.
Assim,permanecemos hostis ao destino
Tua boca esparramando cores por entre a fumaça
e o mais belo amanhecer multiplica-se em nossas entranhas.
Luciano Pires
Enluto,mal penso,as palavras se arrastam.
Qual raio de Sol solitário,viúvo,mórbido
Assim é meu olhar,noctívago, carregado de sentidos mal interpretados
Sigo enlevado,destruindo o momento assim que ele nasce
Caminhando sofregamente por entre túmulos e flores
acenando para a morte e flutuando de encontro à vida.
Teu sorriso permanece na retina,perscrutando a noite,camuflado
Teu meticuloso desígnio,a quase alegre e fortuita dor que floresce
Tua cabeça em meu peito,a agulha no sulco,o som arruinado de mil gritos
A taça quebrada,o vinho derramado,a mudança súbita de universo
E nossos corpos encarcerados um ao outro,a crueza do desejo não dissimulado
As nuvens de prazer,a carne marcada,o desmaio consciente e um Deus herege observando
o suór esconder a prece encarnada no segredo preso na garganta.
Assim,permanecemos hostis ao destino
Tua boca esparramando cores por entre a fumaça
e o mais belo amanhecer multiplica-se em nossas entranhas.
Luciano Pires
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