Um silêncio absurdo entra pela porta
me olha nos olhos...me encara
eu apenas penso demoradamente...
vejo por um segundo todos meus medos se encolherem...
e a fragilidade do destino perante minhas escolhas
e a quase solidão espalhada pelos quatro cantos da sala
o sopro frio do passado espreitando...
mas me mantenho em pé, ancorado
um breve hesitar,um passo pra trás
e encaro friamente de volta aquele silêncio estrondoso
e tudo se torna embaraçosamente nítido
todas as nuances de palavras e sentidos sobrevoando minha cabeça
estico a mão e acaricio cada fotograma
uma projeção lenta e desfocada de sentimentos sem cor
o silêncio escorre morno pelas frestas do tempo
e molha meus pés...
ergo a cabeça e sinto tudo despencar demoradamente
e abro cada poro
cada centímetro de alma...
e recebo em mim milhões de átomos de silêncio
significados e dúvidas.
Um desmaio consciente, beirando a loucura e tocando de leve o caos...
Luciano Pires
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