De um golpe matei todos os céus
e tuas lágrimas incontidas.
Metamorfoseei-me em sagradas partículas nos profundos abismos de regiões abissais, me decidi,e delicadamente me atirei de encontro ao teu corpo.
Enterrei-me, morto que estava,olhos perfurados,sem nenhum reflexo no espelho,no jardim encantado do teu olhar.
E ainda que eu diga estultícies ou maravilhosos poemas, meu eu permanece sentado em frente à nada, arrastando-se lenta e sorrateiramente por entre os arbustos pálidos de incompreensão.
Um estranho lamento de adeus e dois segundos de apatia me moveram. Nunca indaguei qual o sentido da alma corar quando os sonhos desmoranam? qual a urgência de ser e parametrizar cada sentimento?
De um golpe matei o silêncio e seus asseclas, e eles se ajoelharam perante o indubitável.
Luciano Pires
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