quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Desire

Me atormenta te ver intranquila,rangendo os dentes freneticamente como se estivesse por morrer...te deixei ver entre a porta entreaberta, um risco de sangue no chão,quase negro,deslizando como uma serpente por entre os pés pálidos da estátua no canto da sala...tua garganta ainda tem as marcas suaves dos meus dedos...um odor silencioso de sombras cruas e distorcidas permeia toda a sala...meu sussurro invade teus ouvidos...teus olhos fixos.
_ Foi por você que meus pés caminharam até aqui...
Não obtive resposta...teus cabelos negros tingiam e abraçavam o tapete da sala...
Corri brevemente por entre meus pensamentos...te estendi a mão, ela deslizou por entre meus dedos.
Tua boca exalava fétidos poemas de amor, eu aspirava tudo,ansiosamente.
Teu sexo gélido...tua face sorria mentindo certezas e eu me envolvi sordidamente entre teus braços.
Te possuí calmamente,sutilmente adentrei teu universo perdido,tua alma em desuso.
Me atormenta teu olhar vazio, tua incerteza maldita,tua fragilidade indócil, teu mal-estar mágico.
Seria apenas um beijo fútil,ardendo meus lábios, e neles depositaria todo o asco e toda a delicadeza de uma vida.
Luciano Pires

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