segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Poeira suja das horas



Você tem uma certa razão,quando diz que não alimentei direito meu ego.
E cego, tateio as paredes úmidas da memória,procurando encontrar sentido.
E aterrorizo meus medos,me vingo lentamente,em cada escolha errada,em cada segundo vivido.
Você naturalmente se acha esperta,tem mil argumentos guardados que quase sempre dão certo,não nego.
Mas se esconde atrás da velha árvore sem galhos que há muito já morreu.

Teu rosto permanece em cada canto da sala,talvez desbote e desapareça algum dia
Tua fotografia,em preto e branco, saudade cheirando a mofo,quase longe demais pra se ouvir.
E tudo fica esperando, o universo quieto,uma platéia atenta, quase sem respirar,enquanto assistia
Depois de horas em silêncio, a rígida dança do cérebro tenso,explode o acorde distorcido.
Podia ter esquecido, sim, podia ter esquecido.

E na poeira suja das horas,os olhos enxergam prazer
E suave como o suspiro antes da morte
Abandono tudo,ilumino de sombras o fio inerte de que me prende a você.

E me movo,apenas em pensamento,a procura de um mito ao qual me agarrar e definhar inocentemente.

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