terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Sobre escrever





 Eu gosto sempre de fazer analogias com a música,pois toco violão e canto.
Creio que com a literatura deveria acontecer o mesmo processo da escrita,primeiro se aprende cada parte do violão, depois o nome de cada corda, como construir cada
 acorde, como extrair o som, e só depois , sem pressa (Existem aqueles que querem fazer acordes e criar música antes de dominar o instrumento) vamos aprendendo e praticando,ouvindo música ,muita música (assim como deve-se ler muito), assim a música vai se desnudando, o que era pura apreciação passa a ser apreciação e observação de estrutura, de acordes, a gente começa a perceber como o músico trabalha os timbres, como constrói e explora acordes, como é o processo de criação e só depois torna-se instintivo,os timbres, montagem de acordes,ritmo, melodia, compassos.
Acredito que na literatura também é assim, o uso da palavra certa com o ritmo adequado, o silêncio, as pausas,as metáforas e imagens...o uso de combinações de palavras para gerar uma terceira idéia, tirar a palavra do seu uso comum e pintar de outra cor.
Do mesmo modo que na música pode surgir um gênio que não estudou o instrumento e pode ser criativo o bastante para criar algo belíssimo,na literatura também pode acontecer, são poucos.

Aprender e dominar a estrutura toda e todas as regras para depois quebrá-las e desconstruí-las.
Na música também existe também os extremamente técnicos com ausência total de feeling e de sentimento, dá sono, assim como músicos que não são muito técnicos e que superam com feeling, com sentimento e vivência.
Alguns juntam as duas coisas, os Hendrix, Zappa e Edgar Allan Poe
Mas para nós, meros mortais, nos resta ler muito, estudar muito, praticar, viver, viver e viver mais e observar mais um tanto. Borrar-se de tinta,espalhar universos,testar,brincar,não respeitar tanto as palavras, abrace-as, seja amigo delas,ande lado a lado, beba com elas, se divirta.

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