sábado, 16 de fevereiro de 2008

Blue

Enquanto descanso
de mim mesmo
apodreço, relutante
A dor mergulha
sem oxigênio
com a saudade a tiracolo e
me sinto tão desligado de tudo
como se meu umbigo tivesse sido cortado
o que me funde ao universo
me contrai e destrói
dissimulando odores
do que se varreu pra debaixo do céu
a porta aberta,imaculada
e os olhos vigiando o nada
e a beleza trágica de dois segundos sorrindo
dá lugar ao sono brutal
um pesadelo reconfortante
Se ao menos pudesse escolher
se pudesse ler a tinta invisível
com a qual foi escrito o livro mágico da vida
me vejo perdido,mortalmente aceito
e arrastado por ventos escuros e violentos
nada me cura,nada me alimenta
e as cores sobram pra fora da alma
descuidadas
um aborto espontâneo de crenças
um suicídio numa manhã de dezembro
calado como um imã desmagnetizado
sôfrego,desmanchando ,derramando tristezas pelo caminho
e sua imagem me vem como uma miragem em preto e branco
um espelho quebrado em mil pedaços
Descobri tardiamente que nada vai estancar
o sangue que meus olhos vertem
iluminados pela dor estagnada da certeza
que nada vai voltar.

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