
O disco ficou conhecido como uma ópera-rock, ou também como o álbum progressivo de Odair José.
Minhas impressões(nada muito elaborado, fui escrevendo enquanto ouvia novamente)
Nunca mais começa como uma trilha blacksploitation,uma letra que diz que ele aprendeu as coisas boas da vida, que o passado não o assusta.Um groove muito bom.
2. Não me venda grilos (por direito)
um samba grooveado,com uma letra romântica, com a sacada: "não me venda grilos, viver já pesa muitos quilos", um solo de gaita muito boa.Como disse alguém em outro blog, realmente ele tinha uma fixação por mulheres e filhos.
3. Só pra mim, pra mais ninguém
um começo singelo, a voz num reverb louco,a letra, um pedido deseperado pra "seu bem" não abrir a porta pra ninguém,na letra ele expressa o medo de ser traído,eximindo a mulher de culpa, pois o perigo está por aí, basta uma troca de olhar.
4. É assim
me lembrou Raul Seixas(não sei porquê), a letra é muito boa,o vocal é gritado por vezes,novamente um groove, a letra é meio esotérica(ou exotérica?),tem um solo de guitarra com wha-wha.
5. Fora da realidade
a mixagem da bateria é ótima(eu achei),solinhos de guitarra pontuando a música,sempre o anjo aparecendo nas músicas, e dizendo pra ele "aturar" a sua amada.uma interpretação gritada e apaixonada.Um bom solo de guitarra(esse disco tem vários solos),é um hardrockzinho.
6. O casamento
a faixa mais ópera-rock do disco, com começo no piano,com sinos e sonorizações,"quem são essas pessoas sacristão?", uma atuação magnífica,a letra começa como um diálogo entre ele e o vigário.Muito bom.Parece contar a história de Jesus(parece?).A música vai num crescendo,acabando com os parabéns aos noivos.
7. O filho de José e Maria
Uma ótima abertura com um piano,a letra falando sobre josé e maria(jesus?)cantada num tom melancólico, um coral muito bonito de fundo.
8. O sonho terminou
um começo psicodélico, com letra falando da humanidade de todos nós, a música é a mais "rock" do disco, com um reverb na voz,se fosse em inglês tinha gente cultuando por aí,um solinho de sintetizador, a melhor música do disco, com certeza.
9. De volta às verdadeiras origens
destaque pro baixo grooveado, a letra é a mais popular do disco, tem até uma segunda voz meio sertaneja,e uma orquestração bem disco numas partes.
10. Que loucura
é uma disco music das boas, começando com guitarra típica e bateria idem.
Trech de uma entrevista que vi no blog Trabalho Sujo, falando desse disco:
Foi quando eu fiz o disco O Filho de José e Maria e todo mundo disse que eu tinha ficado doido. Eu escrevi 24 canções que, na ordem, cada uma fala de uma fase da pessoa: a primeira é quando a pessoa nasce e vai até a última que é quando o cara morre, ou se entendeu. Disseram que era uma ópra-rock, mas eu nem sei o que é isso. A igreja não gostou, porque achavam que eu tava falando Jesus Cristo – e tem uma música que o cara fica doidão, outra que ele não sabe se é bicha ou macho. Mas esse disco não ficou nem 50% do que eu queria.Era um disco pra ser tocado em teatro, não era pra tocar num clube, pro cara ouvir enchendo a cara de cachaça, nem pra tocar numa praça, com uma mulher pendurada no pescoço. Fui trabalhar com o Guilherme Araújo, que era empresário de teatro. E vieram perguntar se eu não gostava do que eu fazia, se eu tinha vergonha de tocar a “Pílula”, que bobagem. Esse disco não foi vitorioso comercialmente, mas é um disco muito bem feito. E eu queria fazer um disco duplo, mas a Polygram não queria lançar, então fui procurar outra gravadora. Fui pra BMG mas quando cheguei lá disseram pra não fazer duplo.
De onde você tirou inspiração pra fazer um disco desses?
Duas coisas. Primeiro, o som: eu achava o máximo o som das guitarras daquela época, do pop do Joe Walsh, aquele disco ao vivo do Peter Frampton, aquela guitarra emborrachada, só ele e três caras de apoio e vendeu vinte milhões de álbuns. Então a idéia inicial era eu ter uma banda como se fosse de garagem. Eu montei essa banda, com uns amigos. Na época, eu tava muito bem de vida, tava solteiro, não tinha compromisso com nada, passava o dia na praia do Pepino sem fazer nada e pensei, “vou fazer uma banda” e fiz. A gente ensaiava lá no Vidigal. Quando eu fui gravar, o Durval Ferreira, aquele da bossa nova, começou a por defeito nos músicos: “Esses caras não tocam porra nenhuma!”. Mas a intenção era aquilo mesmo, tipo nos Rolling Stones, que aquele cara não é o melhor baterista, mas pra aquilo ali era ele mesmo!Depois, é a idéia do tema. Eu tava no Rio e fiquei chateado com uma situação e esse senhor, o Aderbal, que me levou pra falar com o Golbery, veio me perguntar o que eu tinha. Eu expliquei e perguntei o que eu podia fazer? Eu perguntei e ele saiu da mesa. Pensei: “Qualé a desse velho? Eu pergunto uma coisa pra ele e ele sai? Deve estar ficando esclerosado”. Deu uma meia hora e ele aparece com um livro na mão. “Você me perguntou uma coisa que eu não posso responder, mas esse cara pode”. E me deu O Profeta, do Kalil Gibran. Eu comprei e li tudo dele, achava o Kalil Gibran o máximo. E foi dali que eu resolvi escrever as letras do Filho de José e Maria, eu passava o dia inteiro trancado no quarto sem fazer mais nada, só tomando vinho e lendo aquilo. E aquilo virou uma bola de neve.E a partir desse disco, as pessoas começaram a fazer questionamentos sobre a minha competência pra vender discos, mas foi até legal, porque você ter a obrigação de todo disco ter de vender é uma bosta. Até porque você não consegue isso a vida inteira. E se você analisar, essa coisa de fazer sucesso, fazendo músicas direto, é um ciclo de sete anos. Pode ver, todo mundo, tem raras exceções, só aguentaram sete anos, pode reparar, Beatles mesmo: sete anos.
link pra entrevista completa:
http://www.gardenal.org/trabalhosujo/2006/08/oj_silva.html
link pra baixar o disco:http://www.4shared.com/file/17350226/ce525262/1979_O_Filho_de_Jos_e_Maria.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário